Uma raposa ardilosa tinha uma fazenda, mas era tão preguiçosa, que não trabalhava nela. Aliás, ninguém queria trabalhar na fazenda da raposa.
Certa manhã, ela pensou: “ Devo plantar algo nos campos ou morrerei de fome. O que posso fazer?” – ela pensou muito e finalmente teve uma excelente ideia.
“Falarei ao meu vizinho, o tatu estúpido, para plantar em meus campos e lhe prometerei dar parte da plantação. De verdade, lhe darei apenas uma pequena parte insignificante”.
A raposa foi então ver seu vizinho tatu:
- Bom dia, amigo! Gostaria de lhe oferecer ajuda.
- Ajuda? – estranhou o tatu, que não estava acreditando muito na raposa.
- Sim. Sua fazenda fica em terras secas e cheias de rochas. Por que você não usa minha terra para fazer suas plantações? Como pagamento, lhe darei parte de sua própria plantação.
- Como você é bondosa, amiga raposa – disse o tatu, que já sabia da esperteza do animal e imaginou que ela estava lhe trapaceando de alguma forma.
- Você pode plantar o que desejar. Pegarei apenas a metade. Na verdade, pegarei apenas o que crescer embaixo da terra. Tudo o que crescer acima da terra é seu.
- Muito bem, então! – concordou o tatu.
Na manhã seguinte o tatu e sua família foram para as terras da raposa e trabalharam muito na plantação. A raposa estava tão satisfeita com seu ardil, que nem se preocupou em ver o que o tatu e sua família estavam plantando.
As plantações foram bem cuidadas e cresceram fortes, até que chegou a época da colheita.
O tatu e sua família colheram todo o trigo plantado e a raposa ficou com as raízes. A raposa ficou furiosa e faminta e se dirigiu à casa do tatu.
- Você fez uma péssima escolha! – exclamou a raposa furiosa – Não posso comer raízes. Você sabia que a parte comestível do trigo fica em cima da terra. No próximo ano, você poderá plantar novamente, mas ficará com a parte que crescer abaixo da terra. Tudo o que estiver acima será meu.
- Muito justo! Você quer escolher também a plantação?
- Nâo, mas escolha com cuidado. Me avise quando for colher.
No ano seguinte, o tatu plantou batatas. Novamente, foi uma ótima colheita. A raposa ficou com a parte de cima das batatas e os tubérculos embaixo da terra ficaram para a família de tatus. A raposa não tardou a ir na fazenda do vizinho.
- No ano passado, pensei que você tinha escolhido muito mal a plantação. Agora começo a achar que você está me enganando. Não posso comer as folhas das batatas. Você pensa apenas em você quando escolhe o que plantar. Veja como estou ficando magro!
- Realmente, mas está melhor desta forma.
- No ano seguinte, ficarei com a parte do topo da planta e a parte que crescer embaixo da terra. Você fica com a parte do meio. Como não ganhei nada por dois anos, acho isso bem justo.
- Muito justo! – concordou o tatu.
No ano seguinte, o tatu plantou milho. Foi uma plantação vistosa, com muitas espigas no meio da planta. A raposa ficou com as folhas e as raízes. Não tardou a visitar o tatu:
- Venha comer milho conosco, raposa! – convidou o tatu – Discutiremos então sobre a próxima plantação.
- Não! Você me enganou por três anos seguidos.
- De modo algum! Dividi a plantação conforme você me orientou.
- No próximo ano, então, plantarei o que eu desejar e o farei eu mesmo. Mas então, tudo ficará para mim.
O tatu esperou que a raposa saísse, pegou mais uma deliciosa espiga de milho e riu tanto da situação, que sua couraça quase se partiu. Continuou então degustando os frutos de seu árduo trabalho.
( conto argentino – traduzido e adaptado por Janaina Spolidorio )
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